quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sua voz

Mais uma ilusãoQue se faz na escuridão
E quando a noite ultrapassa os limites da razão
Destroi o coração
Agora desfaz esse sorriso
Diz-me o que queres
Se puderes, e se souberes
E também o que não queres
Cante para mim
Com essa voz sorridente
Esse jeito inocente
Hipnotiza-me de repente
Pega-me pelo braço e sussurra o que tu sente
E eu serei sua eternamente.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Mais uma blasfêmia

O simples vislumbre da tua face
Faz meu coração parar
Dói-me as entranhas
Queria saber o que falar
Provavelmente, acha-me estranha
Talvez nem note que o quero
Cansei, não mais o espero
Falo ao meu coração que o odeio,
Ele ri de minha blasfêmia
E eu, com grandíssimo receio
Admito que não consigo ser do seu amor abstêmia.

Já pensei em chorar.
Já quis falar.
Já pensei em desistir.
Já desisti de dormir.
Já quis voltar atrás
Já pensei "dane-se. Tanto faz"
Já pensei e repensei onde eu errei.
Já desisti de querer.
Por que tudo que eu achei que seria
Não foi como planejado, como eu queria
Por que não era pra ser. 

O anjo caído, a menina donzela

"Vendo-te assim, em distância de meu toque, sinto-me como rosa ferida. Sofrida e quase morta.
Tu foste meu anjo caído das nuvens, minha alegria escondida, meu desejo ardente, a doçura de meus dias, o amor da minha vida.
 Neste mundo, alguém por ti espera, feito menina donzela, com um coração partido, e uma rosa amarela, que te olha pela janela e sofre feito cinderela."

(Autor desconhecido)

sábado, 6 de dezembro de 2014

Outono

Ele cresceu um pouco rápido demais.
Perdeu a inocência num passado de tanto faz.
Eu posso ouvir ele sofrendo, nos meus sonhos.
Eu posso sentir. Eu posso ver como ele caiu feio.
Vento de outono, sopre devagar.
Faça esse garoto parar de chorar.
Vento de outono, sopre devagar.
 Faça ele sentir.
Cada passo que deu, antes de cair. 
Coração estilhaçado e um lindo rosto.
Olhos tão tristes, cheios de dor.
Um rosto que disfarça, olhos tristes.
Sangrando por esperança..
Sangrando por amor.

Sopre a ele uma música.
Que o acalme.
Que o faça sentir como se
não estivesse desmoronando.
Tão fundo, tão fundo.
Ele caiu tão fundo.

Me dê uma mentira

“Eu não posso levar nada comigo, Jared.”
“Nem ao menos uma memória? O que você quer?”

Eu enxuguei as lágrimas com minha mão livre, mas outras tomaram o lugar rapidamente. Não, eu não podia nem levar uma memória.

“O que eu posso te dar, Wanda?” ele insistiu. Eu respirei fundo e tentei manter a voz regular.

“Me dê uma mentira Jared. Diga-me que você quer que eu fique.” Não houve hesitação dessa vez. Ele me abraçou na escuridão, firme contra seu peito. Ele pressionou os lábios na minha testa e eu sentia sua respiração movem meu cabelo quando ele falou. Melanie estava segurando o fôlego na minha cabeça. Ela estava tentando com firmeza se enterrar novamente, tentando me dar alguma liberdade nesses últimos minutos. Talvez ela estivesse com medo de ouvir essas mentiras. Ela não iria querer essas memórias quando eu me fosse.

“Fique Wanda. Conosco. Comigo. Eu não quero que você vá. Por favor. Eu não consigo imaginar isso aqui sem você. Eu não sei como…” Sua voz falhou. Ele era um bom mentiroso. E ele devia estar muito, muito seguro de mim para dizer essas coisas. Eu descansei contra ele por um momento, mas eu podia sentir o tempo me afastando. O tempo havia acabado. O tempo estava acabado.

“Obrigada.” Eu sussurrei, e eu tentei me afastar. Seus braços se firmaram. 
“Eu não acabei.” Nossos rostos só estavam há alguns centímetros de distancia, e ele acabou com essa distancia, e mesmo nessa situação, meu último suspiro nesse planeta eu não pude evitar de responder. Gasolina e chama – explodimos novamente.
Mas não era a mesma coisa. Eu conseguia sentir isso. Esse era para mim. Foi o meu nome que ele murmurou ao segurar esse corpo – e ele pensou nele como meu corpo. Eu podia sentir a diferença. Por um momento éramos somente nós ali, Jared e Wanda, ambos queimando.
Ninguém jamais mentiu melhor com o corpo como Jared mentiu nos meus últimos momentos, e por isso era grata. Eu não iria levar isso comigo, claro, pois eu não ia a lugar nenhum, mas aliviava um pouco da dor de partir. Eu podia acreditar na mentira. Eu podia acreditar que ele sentiria minha falta, tanto que minasse um pouco da felicidade. Eu não devia querer isso, mas era bom acreditar nisso mesmo assim.
Eu não podia ignorar o tempo, os segundos passando em contagem regressiva. Mesmo em chamas eu podia sentir o tempo me puxando, me sugando pelo corredor, me afastando do calor e sentimento. 
Eu consegui afastar meus lábios dos dele. Nós arfamos no escuro, nossas respirações mornas no rosto um do outro.

“Obrigada.” Eu disse novamente.
“Espera..”
“Eu não posso... Eu não consigo suportar mais.”
“Se.. se você tem certeza que é isso que você quer...” ele não continuou, inseguro.
“É o que eu preciso, Jared.”


A hospedeira

Medo de se apaixonar

"Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus aguentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve.
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue.
Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele.
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar, mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego.
Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou.
Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada."